O Transtorno por Uso de Substâncias (TUS), também conhecido como Dependência Química, é uma condição clínica caracterizada pelo uso compulsivo e repetitivo de substâncias psicoativas, apesar dos efeitos negativos em diversas áreas da vida do indivíduo, incluindo a saúde, o trabalho, as relações interpessoais e a vida social.
As substâncias psicoativas mais comuns que podem levar ao TAS incluem álcool, tabaco, maconha, cocaína, heroína, metanfetamina e medicamentos prescritos. Os sintomas do TUS variam de acordo com a substância usada e podem incluir aumento da tolerância, abstinência física e psicológica, consumo excessivo mesmo em situações de risco, falha em cumprir obrigações profissionais e sociais, e tentativas frustradas de parar ou reduzir o consumo.
A dependência química é um problema de saúde global, que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Estima-se que mais de 35 milhões de pessoas em todo o mundo sofram de transtornos relacionados ao uso de substâncias, sendo o álcool é a substância mais comumente usada e a que causa mais danos à saúde, com 3 milhões de mortes anuais relacionadas ao seu uso.
As drogas ilícitas, incluindo a maconha, a cocaína e os opioides, também são um problema significativo de saúde pública. Em 2019, cerca de 275 milhões de pessoas em todo o mundo usaram drogas ilícitas pelo menos uma vez.
O uso de opioides, incluindo opioides prescritos e drogas ilícitas como a heroína, tem se tornado um problema cada vez mais grave em muitos países. Em 2019, estima-se que mais de 53 milhões de pessoas em todo o mundo tenham usado opioides, com aproximadamente 71% das 100.000 mortes relacionadas a drogas nos Estados Unidos em 2021 envolveram opioides.
De acordo com o 3º Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira, realizado em 2019 pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 4,1% da população brasileira entre 12 e 65 anos de idade declarou ter feito uso de drogas ilícitas no último ano, o que representa cerca de 5,2 milhões de pessoas. A maconha é a droga ilícita mais consumida no país e o álcool é a substância mais consumida, com cerca de 45% da população brasileira relatando consumo regular de bebidas alcoólicas.
Essas estatísticas mostram que a dependência química é um problema global sério que afeta a saúde e o bem-estar de milhões de pessoas em todo o mundo. É importante que os governos, os profissionais de saúde e a sociedade em geral trabalhem juntos para enfrentar esse problema e fornecer tratamento e apoio às pessoas que sofrem de dependência química.
É importante lembrar que o TUS é uma doença e que o estigma associado ao uso de substâncias pode impedir que as pessoas procurem ajuda. É importante fornecer um ambiente de apoio e compreensão para aqueles que lutam com o TUS e encorajá-los a buscar tratamento, que geralmente envolve a abstinência completa da substância, aconselhamento ou terapia comportamental para ajudar o indivíduo a lidar com os sintomas de abstinência e a desenvolver habilidades para evitar recaídas. Alguns casos mais graves podem exigir medicamentos para ajudar a controlar os sintomas de abstinência ou para reduzir o desejo pela substância.
Howard Lotsof foi o descobridor dos efeitos potenciais da ibogaína no tratamento da dependência química. Em 1962, quando tinha apenas 19 anos, Lotsof usou a ibogaína em uma experiência pessoal para explorar seus efeitos psicodélicos e, para sua surpresa, descobriu que ela o ajudou a superar sua própria dependência de heroína (leia a matéria completa em nosso blog!).
Lotsof viajou pelo mundo promovendo a ibogaína como uma opção de tratamento para a dependência química e fundou a organização sem fins lucrativos Global Ibogaine Therapy Alliance (GITA) em 1999 para promover a pesquisa e o uso seguro da ibogaína como um tratamento para a dependência química.
A ibogaína é uma substância psicodélica encontrada na raiz da planta Iboga, que tem sido estudada como um potencial tratamento para a dependência química.
No entanto, é importante lembrar que a ibogaína é uma substância controlada em muitos países, incluindo os Estados Unidos e o Brasil, e seu uso deve ser conduzido por profissionais de saúde experientes em um ambiente seguro e supervisionado.
O tratamento com ibogaína geralmente envolve uma única sessão, que pode durar várias horas e é realizada em uma clínica especializada. Durante a sessão, o paciente é supervisionado por profissionais de saúde treinados e pode experimentar efeitos psicodélicos intensos. Alguns pacientes relatam ter experiências espirituais ou profundas reflexões sobre suas vidas durante a sessão.
A ibogaína pode ajudar a interromper os sintomas de abstinência e reduzir o desejo pelo uso de substâncias, mas não é uma cura para a dependência química. É importante que os pacientes recebam aconselhamento e apoio após o tratamento com ibogaína para ajudá-los a lidar com os fatores subjacentes que levaram à dependência química e para desenvolver habilidades para evitar recaídas.
É importante ressaltar que o tratamento com ibogaína não é adequado para todos os pacientes e há riscos associados ao seu uso, incluindo efeitos colaterais graves e até mesmo a possibilidade de morte em casos raros. Como tal, a decisão de usar a ibogaína como tratamento deve ser feita em consulta com um profissional de saúde qualificado e experiente em seu uso.